março 15, 2013

Partida


Saudade que me parte
Saudade da tua parte
Que ficou em mim.

Clandestina tua metade
Que veio na bagagem
E não tem data para partir.


Saudade errada é essa
Que arde. Queima no peito
A fogueira que acendi.

Aticei a chama
Acendi lembranças.
Fogo sem data para sucumbir...





agosto 24, 2012

Por que eu te mandei embora?

Por que eu te mandei embora?
Por que nossos risos nunca mais foram os mesmos?
Por que os beijos não estremeceram o chão?
Por que não consegui fugir da razão?
Por que pergunto tudo isso agora?
Por tantas perguntas que eu te mandei embora.
Porque não consegui te dar meu perdão.



junho 28, 2012

Se eu pudesse escolher


Se a vida fosse mesmo essa utopia e um conglomerado de escolhas, e me fosse dado esse direito, você sabe bem o que eu queria. Eu queria aqueles três meses de volta. Eu queria os teus olhos castanhos.

É verdade, eu bem poderia ser uma garota deste mundo. Eu poderia estar na rua, pulando fogueiras, formando novos laços. A questão é que eu não consigo. Por um motivo qualquer me sinto presa - presa à você, esse tipo idiota de maldição. A maldição maior agora é conviver comigo mesma. Com a eu que não tem você.

Durante esses três minutos eu afundei junto com a noite - me permiti lembrar todos os momentos e infortúnios que escondi no fundo da mente. Porque eu sei que, se me libertar, você ficará. Preso em cada pensamento. Como se viver nas esquinas dos meus sonhos já não fosse o suficiente.

Eu posso parecer estar aqui, mas eu não estou. Estou exatamente aonde você está. Me pergunto o quê estará fazendo, para quem estará sorrindo, quem escutará suas piadas - mesmo as repetidas.

O meu sussurro se perde no escuro. Quem é que vai te dar aquele soco, agora?



maio 23, 2012

Caro leitor



Finja encontrar qualquer surpresa nesta primeira sentença. Sinta-se à vontade para elaborar qualquer frase de efeito que destoe da completa falta de imaginação desta que vos escreve. Dou-lhe o direito de pensar qualquer coisa, tomando o espaço destas linhas que a mim são, por ora, tão inúteis. Sinta-se livre como um papel em branco.

Esse tal branco que nunca foi meu forte – não consigo encará-lo sem uma dose cavalar de adrenalina, cedida pelo cérebro que precede o perigo. O perigo de tão ter a mínima ideia do que fazer com as tais linhas oferecidas. Do terror que acompanha a simples visão de uma folha limpa, esperando para ser preenchida.

As horas, que se arrastaram durante o dia inteiro, parecem esgotar-se quando encaro o cursor. Esperando. No início, pacientemente, aguardando as palavras que ainda não tinham sido escritas, mas que agora grita aos meus olhos em um desespero incontido. “As palavras!”, suplica este cursor, ao que devolvo com um suspiro de agonia.

Abandono as teclas pelo caderno, como única chance desesperada. Ansiedade. Mas o branco ainda é o mesmo, parece rir-se da minha inércia. O grafite jaz esquecido, enquanto a borracha trabalha contra todas as tentativas mal sucedidas. Trabalho árduo esse o de não escrever.

maio 10, 2012

Telegrama

É uma música, é também um cheiro, a foto de seus transeuntes desavisados, a rua que vai invadindo meus sonhos, meus devaneios, ferindo os olhos com os prédios que arranham céus...

É também a multidão, amarga, que me carregou para sua inexpressividade, movimentando-se naquela pressa imaginária de quem se arrasta sei lá para onde. É o cinza, o frio que parece se apegar a manga das camisetas, a irritação que impregna ar, que deixa tudo ainda mais nublado. É o vidro fumê no olhar alheio, esse anseio, que parece lotar a mesa dos pequenos bares, as filas quilométricas.

É a vontade de ser que invadiu, que inundou, tudo aquilo que eu já achava tão certo. E agora descobri que esse eu é ainda mais secreto, mais sozinho, mais tristinho que o Zeca...



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Poetisa que não declama e Jornalista nas horas vagas.