setembro 24, 2011

Acima de tudo, humana



Eu tinha um dia para apurar e escrever a matéria – o menor prazo que tive em um ano e meio de curso-, e estava morrendo de medo da pauta cair ou não render. As minhas duas primeiras já tinham sido derrubadas, e a última chance que eu tinha era a de conhecer uma tal ONG que levava o surf como alternativa para a população carente. Fui achando que seria muito fácil lidar com as pessoas, colher umas aspinhas e viria cedo para casa. Não deu. Foi a matéria mais humana que já fiz até hoje.

Acho que a realidade me chocou – me chocou mais do que deveria, porque agora me sinto estranhamente vinculadas a essas desconhecidas. Caiu qualquer idéia mínima que me restasse sobre essa tal “objetividade” que os velhos manuais pregam tanto. Foi impossível manter uma distância, não me importar com os dramas, as vitórias e dificuldades, que compunham a trajetória daqueles personagens. Foi uma realidade bem próxima da minha, repetida a cada rua do meu bairro, mas para a qual eu fechava os olhos, como tantos outros.

Vim para casa achando que colocaria rapidamente no papel tudo o que vi. Mas não bastasse o limite de linhas para tanta fala de quem precisava ser ouvido, eu me vi diante do computador...chorando. Porque escrevendo eu não pude deixar de me comover. E não vou conseguir me afastar dessa emoção a cada vez que lembrar dessa matéria – de novo, de novo e de novo...




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Poetisa que não declama e Jornalista nas horas vagas.