dezembro 26, 2011

Arranha-céu

queria tanto que a inspiração voltasse.
que o sentimento ainda fosse o mesmo.
que você não tivesse esquecido o beijo.
voltar no tempo e caminhar sobre o asfalto.

queria tanto!
levantar a cabeça e contemplar os arranha-céus.
e olhar, enxergar
a cidade que só é massa despercebida,
um borrão entre as estações de trem.
a alma que deixou de ser sentida
mesmo tendo um coração ainda à pulsar.

como queria,
provar novamente o vento,
aquele mesmo que riscou meus lábios,
a névoa que cobriu a rua,
a chuva que expulsou os pássaros
o grito de solidão das almas nuas,
escondidas sob o capote e casacos de crochê.

de verdade, o meu desejo
é de voltar ao lar.
o que fazer, se essa alma anseia?
ao encontrar dezoito anos perdidos.
como eu queria, recomeçar
na cidade de olhos feridos.
e, se pudesse, reencontrar
o motivo daquela noite de sorrisos...


Ah, São Paulo.



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